quarta-feira, 8 de abril de 2020

Here Kitty Kitty

A calma tangente à emoção. A brisa joga alegremente com as folhas caídas, parece, perante tal silencio, presságio da violência que se segue. Há ambientes nos quais não se quer ouvir a brisa. Na savana, seguido do silêncio, ecoará o rugido da selecção natural. Nos Estados Unidos a selecção natural ainda é um processo em fase de desenvolvimento, mas nada que um par de rugidos não pudesse resolver.

A série Tiger King expõe as actuais leis dos EUA (ou sua ausência) que, deram origem, a que em território nacional haja mais do dobro de felinos de grande porte em cativeiro, que em liberdade em todo o mundo. Um assunto interessante, já para não dizer assustador, que vos faz começar a ver o documentário pelos tigres e acabar pelo folclore dramático. Não há nada como um pacóvio homossexual, com um mullet loiro a ornar-lhe o crânio, que quer ser presidente e tem sempre a seu lado jovens heterossexuais que mudam de orientação sexual por amor (à heroína), para representar os EUA e ser a cara deste documentário. De nome: Joe Exotic – The Tiger King.

Um documentário que leva a personagem da “senhora louca dos gatos” a um patamar totalmente diferente e levanta questões pertinentes em relação aos custos da Odontologia nos EUA, para que saia mais em conta ter 200 tigres que 32 dentes. Perguntas que tinham vergonha de expor, como, “serão os americanos estúpidos?”, “será boa ideia expor nas redes sociais os meus desejos homicidas?”, “como seria um videoclip do Kid Rock a cantar sobre tigres?”, terão resposta neste documentário.

Tigres, sexo e drogas. De membros amputados a massa encefálica projectada em paredes, tudo serve de adorno num documentário em que o elenco parece ter sido lobotomizado com uma picareta de gelo. Grupos intermináveis de voluntários, absortos nos discursos de indivíduos com transtornos de personalidade narcisista, a doar anos de vida, literalmente, em troca de uma festinha num tigre.

Horas de cenho franzido e boca entreaberta em descrer, é o que vão obter da visualização desta “obra”. Podem culpar o tédio por ver esta série, mas no fundo sabem que a viram do começo ao fim porque é como desviar o olhar num acidente de carro, há uma força maior que se materializa numa mão gigante que nos vira a cabeça e nos abre as pálpebras à chapada. Em cada episódio, surtos bipolares, entre aceitarmos que está a ser um mal aproveitamento de quarentena, seguidos de gritos amorfos expelidos contra a Carole Baskin (uma hippie cheia de olho para o negócio que, claramente, usou o marido para palitar os dentes dos seus tigres).

O importante é absorver toda a moral que este documentário nos aporta: as leis dos EUA foram revistas por babuínos em ácidos; e digam não às drogas (e a qualquer penteado dos anos 80...eles também estavam todos em ácidos).

22 comentários:

  1. hummm...
    Acho que não quero ver nada disso.....

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  2. Está meio mundo a falar desta série, que eu ainda não vi, mas já sei que, eventualmente, acabarei por fazê-lo :p

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    1. Eventualmente vais ver e, provavelmente, vais ter como eu uma sensação de "que raio acabei eu de ver" xD

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  3. O Trevor Noah fez várias referências a esse tipo/a essa série... agora estou a perceber porquê.

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    1. Ai nem me fales do Trevor Noah que o ia ver ao vivo para o mês e foi tudo cancelado ='(
      Esta série tem muito por onde pegar xD

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    2. A sério?! Epa que pena... O tipo é mesmo fixe. Eu fui vê-lo no ano passado a Antuérpia e gostei imenso!

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    3. Esperança que isto acabe depressa e ele remarque, ainda nem devolveram o dinheiro, então ainda há esperança =P

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  4. Vimos tudo num esfregar de olho... Sempre em modo... What the fuck??!... Se fosse ficção acharíamos que estavam a esticar a corda...

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    1. Exactamente!! Passei o tempo inteiro a pensar, se fosse desses filmes "baseados numa história verídica" eu teria pensado, está bem está, baseado muito lá ao longe...mas nop...aqui estamos na realidade pacóvia dos tigres ...

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  5. E com estas manias o outro foi comido.
    Literalmente (Zigfried and Roy).

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  6. tudo que vem daquele "circo", nã me fascina, nem me surpreende...

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  7. Epá! Prefiro partir uma unha a fazer croché, do que ver tal coisa!
    Bons sonhos daqui para frente... eu teria pesadelos!

    Beijinhos sem pesadelos **************

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  8. Comecei a ver mas parei, supostamente porque a mim nao me foi imposta quarentena e estar a assitir em primeira mão a serie diária de serão as pessoas loucas e nem estou nos Estados Unidos??? Muito bom como habitual.

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    1. Ah sim isto é série de quarentena...pessoas com vida não deviam ser expostas a isto xD

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  9. Ora eu andei a ler referências a esta série há vários dias e, depois deste post esclarecedor, dou por encerradas as minhas leituras. O primeiro artigo que li fez-me pensar se este idiota e todos os que andaram com ele e fizeram parte desta palhaçada (do parque em si) ao longo dos anos estavam bem era fechados num sepulcro de pedra daqueles antigos para que se lhes descobrissem as ossadas daqui por muitos anos e arqueólogos do futuro publicassem um artigo sobre a descoberta de um rei parolo com coroa de mullet e um séquito de palermas menores seus criados. Este voto é extensível a todos os parques de tigres, gatos grandes e elefantes para passeatas mundo afora.
    Vou guardar ignorância em relação ao programa da Netflix e rever uma parvoíce qualquer porque não me quero arreliar.

    Quanto ao Trevor, esse querido, está previsto para Setembro. Como somos vizinhas, verifica que não passa ao pé de ti nessa altura. Eu também tinha bilhetes 😉

    Pusinko

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    1. Eu arreliei-me por ver e arreliei-me pelo documentário em si. Mas honestamente, pensei que secalhar com esta abordagem os americanos se mexessem e deixassem de visitar estes sitios...abrissem um pouco os olhos e pedim-se ao estado uma mudança de lei...mas não, as vendas para visitar estes sitios aumentaram (e um dos protagonistas aparece no documentário a levar ao senado tigres bebes para convencer as pessoas a não fechas o sitio...e ainda tinha eu esperança...).

      Enfiiim...vou ter paciencia quanto ao Trevor, espero que isto dê uma volta e ele aproveite estar aqui tão perto para dar um pulinho a Amsterdão =)

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