tag:blogger.com,1999:blog-27797643012744430292024-03-14T10:46:36.820+01:00Panóplia de NadaNadahttp://www.blogger.com/profile/16028805697739083606noreply@blogger.comBlogger36125tag:blogger.com,1999:blog-2779764301274443029.post-68092932775237551722020-08-17T17:37:00.001+02:002020-08-17T17:40:13.205+02:00À Faca<p><span style="font-family: verdana; text-align: justify;">O dom da comunicação e o seu
poder inerente, cai por terra quando adicionamos à equação uma boa porção de
drogas e uma língua impronunciável. Há momentos na vida em que bradamos aos
céus para ser bem compreendidos: quando pedimos o nosso hambúrguer sem pickles,
quando explicamos que não somos sado-masoquistas e quando há alguém de bata,
luvas e bisturi na mão prontos a iniciar uma caça ao tesouro no nosso abdómen.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Esta semana fui submetida a uma
pequena cirurgia. Não ganhei uns seios novos e reluzentes, nem tão pouco mais
ou menos me sugaram os entrefolhos que pós quarentena compraram um lote no meu
ventre. Uma inutilidade de cirurgia, portanto. Encheram-me que nem um peixe
balão, brincaram à operação a ver se o meu nariz ficava vermelho ao tocarem nas
bordas e já está. Agora para alcançar o chão tenho de deixar que a gravidade
faça o seu trabalho e para sentar-me é um processo em três passos, que envolve
ajuda do público, um sistema de roldanas e música de fundo motivacional.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Pobre de mim a sucumbir perante
tamanha dor. Não. Verdade seja dita, estou fresca que nem uma alface. Não
obstante, foi a minha primeira cirurgia. A minha primeira oportunidade para ser
amada incondicionalmente, mimada e que ante um qualquer guincho veja ser
projectada na minha direcção três almofadas, um boião de gelado e canções de
embalar. Isto não vai durar muito, há que aproveitar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A cirurgia em si era algo
pequeno, não obstante ser operada numa altura em que não se pode entrar
acompanhada num hospital, onde não falamos a língua e onde há canais
suficientes para ocultar corpos de operações a emigrantes que não correram bem, pois, dá que pensar. Com pesar confesso que nem motivos para trauma me deram,
até a gelado de pêra tive direito (sou mulher que se contenta com pouco) e
ainda não deram de si nenhuns efeitos secundários. Porém, sou apologista que
por cada vez que nos anestesiam, devíamos acordar com alguma melhora estética.
Já que andam para lá a escarafunchar, seria como uma promoção dois por um. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Fica aqui, então, uma sugestão amiga:
caros médicos, sejam uns porreiros a oferecer implantes e a vossa popularidade
vai subir desmedidamente. Pensem numa sociedade hedónica marcada por
reciprocidade, vocês dão o que podem e o universo vai-vos pagar de volta. Hoje
um implante mamário à dona Cremilda, amanhã ela põe uma carcaça grátis no vosso
saco quando forem pelo pão. E o Universo mantêm equilíbrio neste tu cá tu lá de
bens.</span><o:p></o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-iwWdOtmi68Q/Xzqi1hp9lRI/AAAAAAAABBc/2hvyXoHbGEQT_eOtNJL_-XNW7bEy-7XkgCLcBGAsYHQ/s429/Imagem1.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="304" data-original-width="429" src="https://1.bp.blogspot.com/-iwWdOtmi68Q/Xzqi1hp9lRI/AAAAAAAABBc/2hvyXoHbGEQT_eOtNJL_-XNW7bEy-7XkgCLcBGAsYHQ/s0/Imagem1.jpg" /></a></div><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p>Nadahttp://www.blogger.com/profile/16028805697739083606noreply@blogger.com12tag:blogger.com,1999:blog-2779764301274443029.post-15435326973204077372020-07-23T19:23:00.001+02:002020-07-27T14:42:22.361+02:00Sinais<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">“Se deus te assinalou, algum defeito
te encontrou”<o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">A frase motivacional que moldou a
minha existência. Soa a um mero trocadilho amoroso quando proferido com olhos
carinhosos e num tom de voz terno de uma avó alentejana. Com 5 anos era um
pinhão com olhos que gostava de tudo o que rimava, sem desejo de indagar o porquê
detrás de deus ter embicado comigo e muito menos, sendo o criador, decidir usar-me
como rascunho. <o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Divindades à parte, culpo inteiramente
os meus progenitores por tamanha incapacidade de decidirem uma cor de pele e se
terem centrado nela, durante o meu fabrico. Está para nascer o dia em que a
minha mãe se decida entre uma cor e não compre toda uma colecção, em todos os
tons existentes (sejam camisolas ou tinta de parede). Como ter um filho de cada
cor seria uma carga de trabalho, cá estou eu, este dálmata que não sabe truques. Dirão vocês, terá leves sardas
colocadas harmoniosamente por baixo dos olhos, exagerada! Não. Sou aquele jogo
de juntar os pontos, sem interesse algum, não apropriado para os vossos filhos,
do qual vocês vão desistir antes de chegar ao sinal que tenho debaixo da unha. <o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Anos a ponderar em que
significariam tantos sinais. Tenho consciência da minha incapacidade de fechar
casacos de fecho-éclair sem ficar sua prisioneira. Não sei respirar (o pior super-poder alguma vez visto), falo depressa para conseguir gerir informação entre "arfanços",
senão morro e terei direito à lápide mais depressiva de sempre: “morreu porque
se esqueceu de inspirar”. Não achei o filme Parasite a última coca-cola do
deserto. Consigo pensar em mais uns quantos, mas não me dá para tanto.<o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Concluo deste modo, que nem todos
os trocadilhos e frases feitas têm sentido. Já devia ter suspeitado, afinal de
contas a minha avó também repetia incessantemente, “7 e 7 são 14, com mais 7,
21. Tenho 7 namorados e não gosto de nenhum” e a senhora tinha uma agenda
cheia, não tinha cá tempo para tamanha rebaldaria.</font></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-4_DX_zGzbyc/XxnDc5X5TpI/AAAAAAAABAc/7z4fLZh1NlEn83edbah2F2jCMjHt6tzqgCLcBGAsYHQ/s500/1.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="333" data-original-width="500" height="266" src="https://1.bp.blogspot.com/-4_DX_zGzbyc/XxnDc5X5TpI/AAAAAAAABAc/7z4fLZh1NlEn83edbah2F2jCMjHt6tzqgCLcBGAsYHQ/w400-h266/1.jpg" width="400" /></a></div>Nadahttp://www.blogger.com/profile/16028805697739083606noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-2779764301274443029.post-35987138490002516392020-07-02T19:17:00.002+02:002020-07-02T19:42:06.775+02:00Saudade<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm; mso-outline-level: 3;"></p><p class="MsoNormal"></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><i><font face="verdana">“Ó gente da minha terra<o:p></o:p></font></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><i><font face="verdana">Agora é que eu percebi<o:p></o:p></font></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><i><font face="verdana">Esta tristeza que trago<o:p></o:p></font></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><i><font face="verdana">Foi de vós que recebi”</font></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Eu sei que está estabelecido na
constituição da república portuguesa que um indivíduo depois de registado em
território nacional tem de se tornar alguém emocionalmente perturbado e que defina
na perfeição a palavra “saudade”. Eu fui registada na margem sul do Tejo e isso pode
ter acarretado alguma interferência no processo. Fiz as malas e entre abraços,
lágrimas e chamadas de atenção aleatórias, como os cuidados a ter ao congelar
frango, ninguém me explicou qual seria a altura certa para começar a ter
saudades.</font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Haverá um momento, em que ouvir
fado abraçada a uma estátua de plástico luminosa de Fátima, enquanto faço um
altar a um pastel de nata será, certamente, apropriado. Já lá vão 6 anos desde
que sai de Portugal e tenho saudades constantes, uma moinha chata que está
sempre lá, aquela vontade de receber o colo de mãe depois de um dia mau e de ir
comer àquele restaurante que é o teu favorito desde os 5 anos de idade. Não obstante, ainda não tive uma recaída dramática.</font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Eu não gosto de surpresas. Da
mesma maneira que não gostaria de ter um ataque de cólicas a meio de uma
entrevista de trabalho, também não gosto da ideia de ser atingida pelo conceito
de saudade em todo o seu esplendor, quando estiver num momento de loucura
íntima. Transitando, fugazmente, de um encontro romântico a um momento de
terapia em que estarei enrolada em mantas com rímel e baba a escorrer queixo
abaixo, enquanto o Juan Carlos tenta sair pela janela sem partir o pescoço.</font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Sou uma mulher adulta e
independente! Que pode desmoronar entre lágrimas e soluços, em posição fetal, encostada a
um canto da sala, abraçada à fatia de pão alentejano restante, enfiada na mala
durante a última visita. A essência está, em que ninguém presencie tal momento decrépito. Tirando o meu vizinho, que já se queixa que
eu ando com demasiada força, se um dia eu choro ele chama os bombeiros.</font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Revelar a existência de saudade
é, garantidamente, ter num par de horas a nossa mãe à porta de pantufas (e
máscara), para nos levar de volta para o nosso
país (ao colo). Se raramente nos expressamos, a probabilidades é de nos rotularem
de insensíveis e adoptarem um labrador para colmatar a nossa ausência (eu fui substituída por dois gatos).</font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">O meu nível de comunicação actual
parece estar a manter o padrão necessário para que não mudem a fechadura de
casa sem me avisar. Para os interessados no ritual, passa por proclamar
palavras aleatórias num tom arrastado e melancólico, mescladas com sons imperceptíveis (se alguma vez foram à matança do porco da aldeia, sigam a
nota do porco), que passam rapidamente da temática emocional à física quântica.
Podem declarar-vos doentes mentais, mas não duvidarão do vosso amor.</font></p><p></p><p></p><div style="text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-DpF4i8MojKo/Xv4Tn4JXsvI/AAAAAAAAA_I/Vyp78YYs2Vgg_m2VmZMbPyv5sUd4txI3QCK4BGAsYHg/s1500/1.jpg"><img border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1500" height="512" src="https://1.bp.blogspot.com/-DpF4i8MojKo/Xv4Tn4JXsvI/AAAAAAAAA_I/Vyp78YYs2Vgg_m2VmZMbPyv5sUd4txI3QCK4BGAsYHg/w512-h512/1.jpg" width="512" /></a></div>Nadahttp://www.blogger.com/profile/16028805697739083606noreply@blogger.com21tag:blogger.com,1999:blog-2779764301274443029.post-1328708041407750732020-06-25T20:26:00.002+02:002020-06-25T20:32:40.527+02:00Chernobyl Hormonal <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">A mulher é um ser abençoado, que
mensalmente é relembrado da sorte da reprodução da qual é portadora, através de
um espectáculo visceral gráfico, com efeitos sonoros. Não sei quanto a vocês,
mas eu seria capaz de me lembrar de tal dádiva com uma notificação no telemóvel.
O efeito hormonal que é produzido no corpo feminino é como uma pequena réplica
do Chernobyl. O impacto real pode ser na sua fábrica interna, mas toda a
população que a rodeia vai sofrer de efeitos colaterais. Um mês aprazível é
aquele em que a explosão é contida, apenas derretendo o nosso discernimento e
amor próprio, e em que o vosso parceiro foi rápido o suficiente para sair de
cena, conduzir para o país vizinho e mudar de nome.<o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">São pantanosos os caminhos que os
nossos parceiros têm de percorrer uma vez ao mês. Digam ou não digam, estão incorrectos. Façam ou não façam, fazem mal. Perguntar, nem é uma opção. A única
maneira de sobreviver é ser portador de um kit de primeiros auxílios com
chocolates, um filme de terror e um romance (a coisa pode pender para qualquer
um dos lados) e calmantes (para ambos). Para vos ajudar a visualizar a
problemática, aconselho-vos a ver o filme Inside Out da Pixar, em ácidos, nus,
no parapeito do edifício onde trabalham.<o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">O descanso de guerreiro vem com a
idade, seria de esperar. Mas alguém decidiu inventar a menopausa, onde as
quatro estações do ano são vividamente sentidas por minuto e as emoções que
estavam contidas a uma vez por mês, são constantes e vêm de machete em punho.
Eu não quero brincar mais a isto, será que ainda vou a tempo de trocar a minha
genitália por uma daquelas coisas penduradas que para ai andam?</font></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-kzVgqbJKkMw/XvTr2o_Ow2I/AAAAAAAAA9s/5HBAkBrOg7IcNWQo_DdtsqBNMFdvAGZnwCK4BGAsYHg/s919/1.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="919" data-original-width="605" height="640" src="https://1.bp.blogspot.com/-kzVgqbJKkMw/XvTr2o_Ow2I/AAAAAAAAA9s/5HBAkBrOg7IcNWQo_DdtsqBNMFdvAGZnwCK4BGAsYHg/w421-h640/1.jpg" width="421" /></a></div><p></p>Nadahttp://www.blogger.com/profile/16028805697739083606noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-2779764301274443029.post-81361825525698595502020-06-16T18:42:00.000+02:002020-06-16T18:43:19.092+02:00Voo Low Cost<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Bem-vindos a bordo deste voo da
Satã Airlines, com destino à Buraca. Coloquem cuidadosamente os vossos
pertences no compartimento superior, para garantir que vos cai alguma coisa em cima
se não ouvirem os meus conselhos e decidirem levantar-se a meio da turbulência
para tirar o agasalho da mala, apesar de estarem a suar do bigode. Sim, haverá
turbulência constante, estão a voar na carcaça de uma carrinha de caixa aberta
que servia para o transporte de cabras, vai contra todos os elementos da física
estarem a voar e vão sentir cada gaivota com que chocarmos como se fosse uma bomba
nuclear. <o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Não há cintos de segurança, nem a
luz de proibido fumar. Acreditamos que são capazes de se lembrar que é proibido
fumar durante a duração do voo sem ter um boneco iluminado que vos recorda o
tempo inteiro. Em caso de queda de pressão na cabine, pois... vocês caem também. Dispomos
de almofadas de serapilheira e mantas daquela lã que as vossas avós usavam para
as vossas camisolas de inverno, que vos criava urticaria severa, mas era isso
ou passar frio e levar um enxerto de porrada da senhora. Durante o voo serviremos para
vosso deleite, xarope de cenoura, repolho cru e palavras de conforto por alguém
certificado em mau trato psicológico. No nosso serviço de entretenimento
poderão desfrutar de uma <i>playlist </i>de gritos, jogos em que nunca ganham e uma
oferta variada de vídeos dos vossos ex a enumerarem os motivos pelos quais vos
deixaram (produção de luxo da Disney). A minha colega Cátia Denise irá recolher
doações para a sua prima, se não doarem ela ver-se-á obrigada a cortar as unhas
apoiando os pés no vosso colo.<o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Esperamos que desfrutem tanto
deste voo, como o proprietário da casa onde este avião vai aterrar. Não se
esqueçam que não estamos disponíveis para ajudar, responder às vossas perguntas
e se estiverem a morrer engasgados com o repolho, por favor, respeitem os
outros passageiros e façam-no em silêncio (se for viável fechar-se no saco
negro para defuntos que encontra debaixo do seu assento enquanto se engasga,
agradecemos). E, por último, se aplaudirem ao aterrar, vão ser vítimas de
combustão espontânea.<o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><font face="verdana">Desfrutem</font></span><font face="verdana"> e esperamos voltar a
voar convosco em breve.</font></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-Sgq857Drodg/XujzC-AJzoI/AAAAAAAAA8k/fYQnxe3N5OM5cl-xxY6p6SQ1EBvPQ-hVgCK4BGAsYHg/s512/2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="512" data-original-width="458" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-Sgq857Drodg/XujzC-AJzoI/AAAAAAAAA8k/fYQnxe3N5OM5cl-xxY6p6SQ1EBvPQ-hVgCK4BGAsYHg/w358-h400/2.jpg" width="358" /></a></div>Nadahttp://www.blogger.com/profile/16028805697739083606noreply@blogger.com19tag:blogger.com,1999:blog-2779764301274443029.post-74148092892460389492020-06-08T15:36:00.000+02:002020-06-08T15:36:27.005+02:00Jóia da Coroa<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Almas puras, sem conhecimento de
maldade, corrompidas por uma criança de índole maquiavélica. Dar nomes às
coisas faz delas reais. Hoje em dia intitula-se de <i>bullying</i> a tudo e este
uso em demasia faz com que as verdadeiras vítimas não sejam ouvidas. Uma criança
usa o escorrega ao contrário e enterra a cabeça na lama, um petiz grita do
baloiço: “otário”. Pumbas <i>bullying</i>! Não! O petiz à distância é um
observador sagaz, tem um vocabulário de louvar para alguém de 6 anos e apenas
constata um facto.<o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Há pessoas que realmente sofrem
de <i>bullying</i> na sua infância ou adolescência, mas sejamos realistas,
muitas vezes nem sabemos destes casos até ser demasiado tarde. A sua gravidade
faz com que os jovens tendam a calar-se. Esta crónica (para parecer que tem
classe), é dedicada a todos os pais excessivamente protectores, que se esquecem, que uma criança aprender a defender-se faz parte do seu desenvolvimento
enquanto pessoa. Se protegemos sempre uma criança como se fosse uma jóia da
coroa, vai achar-se a última coca-cola do deserto e, quando for grande, mais
lhe vale que tenha uma boa herança e possa ficar em casa a fazer comentários de
ódio no Youtube, porque não estará pronta para o mundo cão que há lá fora.<o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">As vossas crianças podem ser
lindas, ter os olhos do pai e o bigode da tia, mas não são especiais. Temos de
proteger a nossa descendência de maneira inteligente, ensinar-lhes como viver
em sociedade, defender-se e proteger-se. Criar um ser humano forte e não o
tratar como o Dumbo (a menos que voe com as orelhas, nesse caso, acho bem que
façam algum dinheiro da criança).<o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Vinde comigo fazer uma visita a
um passado não muito distante (gosto de me convencer disso). De pequena, como a
muitas crianças, chamaram-me nomes e havia um energúmeno mal-educado que me
batia (hoje o pobre Luís Miguel ainda deve viver na cave da sua rica mãezinha e
ser o orgulhoso proprietário de um dente na boca). Muitas foram as vezes que
cheguei a casa a chorar. Com a orientação dos meus pais, aprendi a não ligar
aos nomes e ignorar, pois sabia o meu valor e responder era alimentar esta prática. Até que
se cansaram e as ofensas gratuitas acabaram. Funcionou! Mas o Luís Miguel, raio do puto levado da breca não
desistia de me marcar com nódoas negras. A minha mãe falou com a professora,
falou com a mãe da criatura, um dia parou o carro à frente do dito e mandou-lhe
três berros (momento mais emocionante da minha vida!), mas o neurónio não lhe
dava para tanto e o Luís Miguel não percebeu. Então um dia a minha mãe deu-me o
aval de me defender e de se ele me batesse, eu tinha a sua bênção para lhe
responder na mesma moeda. Que dia tão bonito esse. Ponhamos as coisas assim: foi o fim de uma era. Descobri que era bruta que nem uma porta.<o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">A minha geração foi alimentada
pela violência e estamos todos frescos que nem alfaces! As músicas de pátio
tratavam de maltratar gatos com paus e a mítica música “Dominó”, falava de uma rua que cheirava a sangue porque alguém se tinha matado. <font size="1">[Já que falamos do
assunto, se alguém souber por que raio ficávamos no “coito” para estar a salvo
a jogar à apanhada, agradecia o esclarecimento]</font>. Quando estava no ensino básico
apareceram os Happy Tree Friends, que, para quem não sabe, eram animais amorosos
que explodiam, lhes saltavam olhos e morriam de diversas formas sombrias e detalhadamente gráficas. Isto
(não) ajudou (em nada) a vermos a morte como algo natural e divertido.<o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">A realidade é que, actualmente,
lidamos com as crianças como pequenas bolas de algodão, que se podem sujar se as
pousamos em algum lado. Temos de criar futuras gerações fortes, porque os <i>millennials</i>
são todos carne para canhão se há um apocalipse <i>zombie</i>. A geração dos nossos
avós viu de tudo! Há alguns um bocado afanados das ideias, mas no geral são
pessoas normais. Não tenham medo de expor as vossas crianças a este mundo
fascinante.</font></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-mvjrS9rkLOY/Xt4hldsUC6I/AAAAAAAAA7U/IA2h7trL1EEXnhymfAP7D2Q24lTbQ_q4QCK4BGAsYHg/s1280/2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1024" data-original-width="1280" height="320" src="https://1.bp.blogspot.com/-mvjrS9rkLOY/Xt4hldsUC6I/AAAAAAAAA7U/IA2h7trL1EEXnhymfAP7D2Q24lTbQ_q4QCK4BGAsYHg/w400-h320/2.jpg" width="400" /></a></div>Nadahttp://www.blogger.com/profile/16028805697739083606noreply@blogger.com18tag:blogger.com,1999:blog-2779764301274443029.post-30411496179012196622020-06-04T18:59:00.001+02:002020-06-04T18:59:41.294+02:002020<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: candara, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">2020 tem sido o equivalente a um asteróide prestes a colidir com a Terra a qualquer momento, transmitido em directo em todos os meios de comunicação e narrado por um jornalista com múltipla personalidade, que esporadicamente cria a ilusão
momentânea que afinal não nos vai atingir. Tudo, para descobrir que afinal não só nos vai atingir, como o asteróide
é do dobro do tamanho previsto e vem carregado de macacos
assassinos, tormentas eléctricas e leite coalhado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: candara, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Estou triste com a
humanidade. Não deveria ser assim tão difícil. Se há um deus, está, certamente,
tapado com um lençol, num canto do céu, em posição fetal à espera que tudo isto
passe. Não se tapem também com um lençol, está nas nossas mãos controlar este ano.</span></p>Nadahttp://www.blogger.com/profile/16028805697739083606noreply@blogger.com12tag:blogger.com,1999:blog-2779764301274443029.post-55271514170572250732020-05-30T19:12:00.002+02:002020-05-30T19:13:14.762+02:00Branco Nuclear<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: candara, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Tom moreno, beijado pelo
sol, que emana todo o calor e alegria do Verão. Guardo com carinho os anos de
pele quente ao sol e cabelo que aclarava com a força do Verão. Hoje, a minha
composição é definida pelo atraente tom de branco-defunto. Um branco pálido que
daria inveja a qualquer folha A4 pronta a ser impressa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: candara, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Viver na Holanda é sinónimo
de nos atirarmos ao chão da sala quando um raio de sol penetra a janela, para
sugar 5 minutos daquele centímetro quadrado de alegria. Aqui dá-se muito valor
aos dias de calor e as pessoas saem à rua de garrafa de vinho em punho e rumam
para os parques no centro da cidade onde, sem água onde mergulhar, vão estar de
biquíni posto até as dez da noite. Quem não tem cão, caça com gato, já dizia o
outro. Aqui há praias, mas tendem a ser algo ventosas e a água, ai jesus a
água, é a sensação térmica de enfiarmos a cabeça num granizado e perder o
nariz, toda uma experiência que podemos desfrutar graças a um mero segundo
dentro de água (sim, cai-vos o nariz se metem o dedo gordo do pé na água, um fenómeno fabuloso).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: candara, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Eu idolatro o espírito dos
holandeses e a maneira como dão valor ao sol, como portuguesa sempre o tive
como garantido, mas agora compreendo. Se há sol, vão-me ver a comer na rua, nem
que seja à beira da estrada à chapada com uma gaivota e a levar com gravilha na
testa. Preciso de sol e nem é tanto pela vitamina, mas pelo aspecto moribundo que
tenho, vejo as minhas veias com mais clareza que nos livros de ciências. Não sabia que o grau abaixo do branco era o invisível, mas isso parece.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: candara, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Auto bronzeador não é uma
solução para alguém como eu. Não poder tocar em nada durante horas, ter de
trocar lençóis e, depois de tudo, correr o risco de parecer uma zebra,
parece-me muito trabalho para ser confundida com a prima afastada de um cavalo.
Solários? Devo ter sido um leitão da Bairrada noutra vida, tenham paciência,
mas o conceito cria-me calafrios. Como última opção poderia escolher uma cor
bonita e tatuar-me de cima a baixo no mesmo tom, seria inovador, consistente e
provavelmente tão doloroso que desistiria depois de um pé moreno.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: candara, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Com determinação, lutarei
com holandeses pelo meu lugar ao sol, pois parece a maneira mais económica e menos
trabalhosa de ficar morena. Irei colocar todo o meu empenho em ir de indumentaria
diminuta para um parque, onde todas as minhas forças serão empregues em esparramar as minhas pregas pelo relvado, com precisão e arte.</span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-nGY2upalstM/XtKSCQw5j5I/AAAAAAAAA5o/nqp4rzU4E_whpYqPJpGMMidDpeAg4t-BgCK4BGAsYHg/1.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="420" data-original-width="700" height="240" src="https://1.bp.blogspot.com/-nGY2upalstM/XtKSCQw5j5I/AAAAAAAAA5o/nqp4rzU4E_whpYqPJpGMMidDpeAg4t-BgCK4BGAsYHg/w400-h240/1.jpg" width="400" /></a></div>Nadahttp://www.blogger.com/profile/16028805697739083606noreply@blogger.com16tag:blogger.com,1999:blog-2779764301274443029.post-67792738841514205362020-05-25T20:29:00.002+02:002020-05-25T22:15:29.924+02:00Um Espirro Por Um Funeral<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black;"><font face="verdana">As crianças são criaturas inocentes, cheias
de alegria e sonhos maiores que o mundo, cuja coordenação motora e raciocínio
lógico nem sempre estão aliados, criando queixos esfolados, joelhos negros e
egos destruídos. Considerando que sou um ser que, desde pequena, tropeço na chuva
e escorrego no ar, cedo percebi que de pouco servia chegar a casa e queixar-me
às entidades grisalhas. Por cada dedo que partisse, tinha de sucumbir à
história em como a minha avó tinha partido os dois braços a estender a roupa
num dia de verão em que fez demasiado vento. Lascar um dente era sinónimo de vê-la a
sacar da placa e me a enfiar olho adentro (foi o começo da minha primeira conjuntivite,
quase que ficava cega, mas não me queixei), para mostrar como não tinha nenhum
e estava rija. Tudo aquilo do que se possam queixar até a uma certa idade, vai
ser superado com esplendor por qualquer idoso. Isto, porque, vos levam cem anos de
avanço, ou estão senis e acreditam que fizeram parte do império egípcio e
andavam a carregar calhaus às costas para bel-prazer de César.</font></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black;"><font face="verdana">No dia em que sai de casa calculei que
esta fase havia passado, sabendo que um dia seria eu a que arremessaria o seu
olho de vidro à cabeça do meu neto insolente, quando ele se queixasse de ser
míope. Porém, o descanso do guerreiro não passava de uma miragem. Não houve
intervalo na fase do queixume e os meus pais nunca me alertaram com medo de que
eu nunca saísse de casa. Arranjei um homem!</font></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><font face="verdana">Os elementos do sexo masculino têm em si,
durante toda a sua vida, algo de veterano de guerra sociopata com lepra sazonal.
Eu caminho em casa como se de um pequeno pónei me tratasse, é só magia e <i style="color: black;">confettis</i>,
nunca me dói nada. Não importa se uma doença se transmite por contacto físico, via respiratória
ou <i style="color: black;">voodoo</i>, os homens apanham tudo por osmose. Não estou destinada a
sentir o <i style="color: black;">glamour </i>de me doer um dedo, nem a alma, sem ter que
meter compressas frias na alma de outro.</font></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black;"><font face="verdana">Infelizmente, tive algumas relações fugazes,
mas intensas, com a minha retrete ao longo dos anos e as dores que tive, proporcionaram-me
momentos de júbilo existencial, equivalentes ao senhor do filme América Proibida
que come o lancil. Inúmeras vezes pensei vislumbrar a minha
oportunidade de ouro. A personagem masculina aproxima-se como um cavaleiro alado,
os meus olhos lacrimejam de emoção, agarra-me nas mãos com ternura, tosse duas
vezes, cuspe para a pia e toma a decisão administrativa que vai morrer se não
tomar soro nesse mesmo instante.</font></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black;"><font face="verdana">Esta é a história da reforma antecipada da
minha esperança de poder queixar-me de dores. Agora compreendo porque é que não tenho memória
da minha mãe doente, pois se ela espirrasse, lá teria de levar o meu pai às
urgências.</font><font face="Candara, sans-serif"><o:p></o:p></font></span></p><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-IG95mKgDzno/XswLWuVMiyI/AAAAAAAAA4w/9M4jx1ArUKoyDBaqXrE3rNP8RX0zM2-WQCK4BGAsYHg/1.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="499" src="https://1.bp.blogspot.com/-IG95mKgDzno/XswLWuVMiyI/AAAAAAAAA4w/9M4jx1ArUKoyDBaqXrE3rNP8RX0zM2-WQCK4BGAsYHg/d/1.jpg" /></a></div>Nadahttp://www.blogger.com/profile/16028805697739083606noreply@blogger.com18tag:blogger.com,1999:blog-2779764301274443029.post-83635504718201707752020-05-22T18:11:00.000+02:002020-05-22T18:11:39.976+02:00Oração da Noite<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Querida Santinha dos Labores Que
Não Enriquecem Nem a Alma,<o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Dai-me forças para não esbofetear
incessantemente a minha entidade patronal. Já não sei se são dias, semanas ou
meses a formar novas rugas da incredibilidade por cada palavra que profere. Não
o julgo querida santinha! Assumo que tenha caído de cabeça de um terceiro andar
quando era criança e tenha batido nos estendais de todos os andares a caminho
do chão. A verdade é que as minhas sobrancelhas já me tapam os olhos de
tamanhas pregas, de horas de sobrolho esticado aos céus, e a parte inferior da
minha cara foi vítima de paralisia, ficando o nariz arrepanhado num dos lados e
a boca levemente aberta em descrer, da repetição da minha cara de “estará a
brincar? Estará drogado? Estarei a ter um AVC?”. <o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Penso como terá chegado a este
posto, por talento não foi certamente, será primo de alguém? Não que ninguém
ama assim um primo. Será que foi a típica ascensão por senioridade na
companhia? A menos que queiram ter alguém a quem culpar quando a companhia ruir
perante os seus olhos, não vejo o propósito.<o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Comportei-me, dei-lhe tempo e
orientação para crescer como ser humano, mas não posso mais. Sonho com ele a
ser alvo de treino dos Pauliteiros de Miranda. A quarentena roubou-me o poder
de fingir que me importo e agora quando ele fala eu procuro alguma mosca que me
entretenha. O telefone toca e eu tenho de filtrar a raiva em gritar
exasperadamente, antes de atender com um (plausível e profissional): “Quê?”.<o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Preciso da tua ajuda santinha,
que já me culpei a mim, mas nem eu acreditava nisso. Agora encontrei um grupo
de almas tão perdidas como eu, que não o suportam, e vejo isto a descambar
rapidamente.<o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Lanço as mãos ao céu em louvor a
todas as almas com entidades patronais que não são completos energúmenos. Agora
deixe de se dar palmadinhas nas costas e de jogar <i>poker online</i> cara Santa.
Ponha um bocadinho de dedicação no meu caso, que já levo um par destes chefes e
a meu ver tem você favoritismo por alguns dos seus crentes. Não ando eu para
aqui a rezar para que você esteja a ler a Maria divina.<o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Que a força esteja consigo (ou
como quer que seja que se acaba uma oração).</font></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-yVnpBCzA0v4/Xsf5NmC4QiI/AAAAAAAAA4I/pX6qhM-8wHkXJ2dFus0mnAfWeffL5ibTgCK4BGAsYHg/1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="656" data-original-width="654" height="320" src="https://1.bp.blogspot.com/-yVnpBCzA0v4/Xsf5NmC4QiI/AAAAAAAAA4I/pX6qhM-8wHkXJ2dFus0mnAfWeffL5ibTgCK4BGAsYHg/w319-h320/1.jpg" width="319" /></a></div><p></p>Nadahttp://www.blogger.com/profile/16028805697739083606noreply@blogger.com16tag:blogger.com,1999:blog-2779764301274443029.post-33817183618393157892020-05-18T19:40:00.003+02:002020-05-18T19:42:58.404+02:00Império de Fita Adesiva<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">O fino salto alto aferrasse ao
soalho, como um metrónomo a marcar o ritmo, sente-se a identidade feminina a
ressoar em cada passo. Giro a cabeça e suspiro exasperadamente, como quem salta
um batimento cardíaco. Aquele corpo de porcelana com medidas perfeitas,
movendo-se com uma harmonia que me faz trautear a Garota de Copacabana. Será
isto inveja ou um teste à minha heterossexualidade? Oiço, então, um cavalheiro a
perguntar-lhe qual a sua graça, respondeu com o tom de voz de um pai natal
ébrio a trabalhar em <i>part time</i> num centro comercial: Joaquim.<o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Temendo não ter as qualificações
necessárias para o trabalho, tomei a decisão que quero ser uma Drag Queen.
Tenho consciência que o conceito passa por homens que se vestem e actuam como
mulheres e eu sendo uma, poderia ser subentendido como batota, mas quem me
conhece, sabe que a minha maquilhagem tem o traço artístico de um desenho
indecifrável de uma criança de 4 anos (sim, aquele que guardam e fingem que é
lindo, mas por dentro pensam que mais vale que o catraio cresça para ser bonito
ou inteligente, que artista não vai ser) e ando de saltos altos, como uma mula
em andas na calçada portuguesa, a tentar apanhar moedas do chão com a boca.
Mas, atenção, não quero ser uma Drag Queen matrafona que para isso fico quieta,
quero alcançar um nível que faça ambos os sexos duvidar da sua sexualidade, ao
não saberem o que raio eu sou. O suprassumo dos jogos mentais femininos. <o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">São mulheres de tomates. Efectivamente. Anos a melhorar as suas maquilhagens, vestuários e a arte de
levar a genitália colada com fita adesiva entre as pernas, muitas vezes,
durante mais de 10 horas. Eu não consigo nem empurrar a minha hérnia para
dentro, que fique quieta por cinco minutos e estes homens, fazem desaparecer um
conjunto de órgãos para lugares nunca antes explorados. Levem um grupo de
mulheres a um <i>striptease</i> em que o <i>stripper</i> dispa a tanga e o
homem é apedrejado por atentado ao pudor, enquanto elas convulsam com arcadas
(ninguém quer ver aquela coisa a bambolear por aí livre). Mas, se ele saca de
um rolo de fita adesiva e faz a genitália desaparecer, até o viramos do avesso
para compreender onde foi aquilo parar. O mundo Drag gera-me tantas perguntas! Seriam
histórias dignas de ser contadas junto à lareira, a mulheres que tiram
apontamentos fervorosamente, sentadas de pernas cruzadas num tapete felpudo. <o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Poderia, finalmente, sair dos
cânones de nomes cliché e ter um nome artístico. A minha cabeça brame com um sem
fim de opções. Poderia ser algo com classe, como Estrelícia Davenport (a minha
definição de classe soa a nome de actriz porno Venezuelano dos anos 80 está
claro), descritivo como Luísa Marmota ou até artístico-bardajão como Candy Diaz.
Um nome com impacto, uma peruca de três cores e enchimentos a dar-me as curvas certas, e eu seria capaz
de dominar o mundo [ponto de reflexão: anos a ouvir marcas a anunciar <i>push
ups</i> diminutos, como a grande inovação, após a invenção do pão de forma, e
agora descubro que há todo um mercado de almofadados corporais que podiam
ter-me ajudado a fazer publicidade enganosa com muito mais engenho e cair sem
me esfolar toda? Sinto-me defraudada].<o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Ser Drag Queen é uma prova de
poder de homens, que têm a arte de enxovalhar o sexo feminino em áreas que lhes
são designadas à nascença pela sociedade. Não só o fazem, como o fazem melhor
que muitas de nós e nos fazem reflectir, em como queríamos ser bonitas como o
Osvaldo. Chega de patriarcado Drag, que eu também quero!</font></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-37oX3RYRdJY/XsLCcLx24MI/AAAAAAAAA24/SJ5IZAeSo90VbzzG4aziBxBADfPhf59fgCK4BGAsYHg/1.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1238" data-original-width="990" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-37oX3RYRdJY/XsLCcLx24MI/AAAAAAAAA24/SJ5IZAeSo90VbzzG4aziBxBADfPhf59fgCK4BGAsYHg/w320-h400/1.jpg" width="320" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td></tr></tbody></table>Nadahttp://www.blogger.com/profile/16028805697739083606noreply@blogger.com20tag:blogger.com,1999:blog-2779764301274443029.post-28648114952424533162020-05-15T18:06:00.000+02:002020-05-15T18:06:59.625+02:00Amor Incondicional<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">“Quero alguém que me ame
incondicionalmente”. Aquela frase cliché, que todos parecem proferir
levianamente quando alguém lhes pergunta o que buscam num parceiro. Ao nível de
muitas frases idiomáticas, como “Pensar na morte da bezerra”, compreendemos o
significado, mas, garantidamente, foi uma constatação formulada por alguém sob
o efeito de estupefacientes.<o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Eu quero amar e ser amada
condicionalmente! Quem diz que o seu amor não tem condições é porque é ingénuo
ou não sabe amar. Sendo a principal condição, o respeito.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>“Ah, mas o respeito está implícito no amor”,
se este é o vosso pensamento, por favor enviem-me um email com a vossa morada
que terei todo o gosto em deslocar-me ao vosso domicílio e esticar-vos uma
lambada. Devia ser, mas não é. <o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Visualizem, acordar todos os dias
com o rabo do vosso parceiro na vossa cara a expelir ventosidades pelo ânus,
porque vos ama e não há nenhuma condição que impeça o seu sentido de humor
podrido. Estar prestes a dar uma garfada num muito antecipado almoço e, o amor
da nossa vida, decide fingir que é um gato, esticando em câmara lenta a sua mão
em direcção ao nosso prato, olhando-vos fixamente, como se isso fosse impedir
de vermos a direcção dos seus membros superiores, alcança o prato e dá-lhe
patadinhas até que caia da mesa, sorri e come o seu bife, como se nada fosse, porque vos ama e não
há nenhuma condição que o impeça de comportar-se, literalmente, como um animal.
Imaginem estar na sala de estar, o puto começar a gritar que não quer comer as
ervilhas e, a vossa cara metade, entre palavras ternas, projecta a criança
janela fora como um frisbee, porque vos ama e não há nenhuma condição que
impeça arremessar os vossos prodígios pela janela.<o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">“Não sejas exagerada!”, podem
pensar, mas sejam quais forem as vossas condições, todos as devíamos ter, e há
um sem número de casais que se afundam nas expectativas de uma expressão
desacertada. Descobrir que alguém me trai, é quando baste para agradecer pelos
bons tempos vividos e dar-lhe a morada na Gronelândia para onde enviei todos os
seus pertences. No dia em que um homem me tocar com um dedo que seja, eu vou
sair de casa, entrar num concessionário, pedir para fazer um <i>test drive</i>
ao maior carro que tenham e passar-lhe por cima. Como podem ver: condições!
Porque a única pessoa a quem vou amar incondicionalmente, é a mim mesma.<o:p></o:p></font></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-IvYf0PX0w18/Xr68AbK_jEI/AAAAAAAAA2M/1p-OQv4V_ws_nw6mBSEpnj-1uFCFGn6dgCK4BGAsYHg/Imagem1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="398" data-original-width="376" src="https://1.bp.blogspot.com/-IvYf0PX0w18/Xr68AbK_jEI/AAAAAAAAA2M/1p-OQv4V_ws_nw6mBSEpnj-1uFCFGn6dgCK4BGAsYHg/d/Imagem1.jpg" /></a></div>Nadahttp://www.blogger.com/profile/16028805697739083606noreply@blogger.com19tag:blogger.com,1999:blog-2779764301274443029.post-72470376906093853532020-05-12T17:58:00.000+02:002020-05-12T17:58:27.829+02:00Crime, Disse Ela<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Entidade ao nível de um detective ou médico forense com um olhar clínico sem precedentes. A sua experiência ímpar
garante que nenhuma pergunta é demasiado complexa, nenhum caso é demasiado
violento e não há mistério algum impossível de resolver. Perante momentos <i>gore</i>, não
pestaneja, tira apontamentos enquanto come fervorosamente pipocas. O reflexo do
sexo feminino perante qualquer filme, livro ou história de crime contada no vão de
escadas pela vizinha Ludovica.<o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Desde tenra idade a mulher mostra
sinais de algum défice no campo da repugnância. Do ponto negro no nariz do
namorado que ela sente ter que fazer explodir ou vai ter um ataque de
ansiedade, ao assistir a séries de assassinos em série, avaliando as fotos dos
defuntos como se fosse mudar a narrativa do episódio por descobrir algo
novo naquele cadáver decomposto, nada a impressiona. Sabe-se
lá donde vem este estômago de ferro. Pode ser que esteja relacionado com
mensalmente sermos uma pinhata de resíduos grotescos, ou sei lá, sermos capazes
de criar pestanas num embrião enquanto comemos torradas.<o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Se pensam que é uma casualidade
que todas as livrarias tenham destacadas no centro a temática de crime e que a
Netflix esteja a desenterrar a história de cada indivíduo que, em algum momento, matou
um gato a grito, para fazer um documentário de dez episódios,
enganam-se! As mulheres são grandes consumidoras da temática, pois gostam de
resolver mistérios e lidar com problemáticas que parecem impossíveis de resolver. Metade das relações que uma mulher tem ao longo da
vida, fundam-se na premissa de poder moldar aquele projecto de homem, em alguma
coisa que se preze. Começam por tentar decifrar o mistério de determinado galã estar solteiro, sendo este, tão bem parecido; e, ao começar uma relação, acabam por lidar com as problemáticas, desencadeadas, entre outras coisas, pelo facto de ele
ser um sociopata, ou dos pés lhe cheirarem a peúgas centrifugadas com cozido à
portuguesa. Mas, como
qualquer caso (de mau aproveitamento de tempo) criminal, chega a altura de encerrar o caso e arquivar o
expediente daquele ser inanimado, a quem abanámos com um pau por algum tempo, a ver se mexia. <o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Poderiam intuir, então, que somos
perigosas. Afinal de contas, alguém que faz um bailinho celebrativo por
anunciarem outra temporada de Mind Hunters e vê cada episódio a um palmo do
ecrã, pode ser que saiba o suficiente de assassinos em série para a vossa vida
estar em risco. Não temam meus caros. Gostamos de estar informadas, porque,
caso não saibam, historicamente, as mulheres têm uma tendência a ser o sexo
lixado. Não fazemos intenções de sujar as mãos ao desbarato, mas se soubermos
as manhas todas dos grandes cérebros do crime, estamos um passo mais perto de nos
defendermos e matar o coronel mostarda, na biblioteca, com um candelabro, do
que se ficarmos quietas a ver se chove (vá...isso...e somos um bocado sádicas).</font><o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-SMBZGcGqPKA/Xrq3SvKgy4I/AAAAAAAAA1A/3Hzw_uU8UDcyenb-7lNFqGq6C53E1TXGACK4BGAsYHg/novel.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="498" data-original-width="360" src="https://1.bp.blogspot.com/-SMBZGcGqPKA/Xrq3SvKgy4I/AAAAAAAAA1A/3Hzw_uU8UDcyenb-7lNFqGq6C53E1TXGACK4BGAsYHg/d/novel.jpg" /></a></div><p></p>Nadahttp://www.blogger.com/profile/16028805697739083606noreply@blogger.com18tag:blogger.com,1999:blog-2779764301274443029.post-53584296245016572962020-05-09T20:14:00.001+02:002020-05-09T20:14:42.635+02:00Tradição Analógica<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Há tradições familiares que pela
força dos tempos se destroem para sempre. Como os belos fins de tarde a queimar
bruxas na praça, há 400 anos, ou ir às sextas feiras buscar filmes ao clube de vídeo, há mais anos do que gostaria de admitir. Hoje
pretendo falar da última, uma simples acção que concentrava uma amálgama de
emoções ímpar.<o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Antecipação.<o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Caia a noite e rumávamos em
família ao clube de vídeo. O cérebro em pleno festim matemático, a vida
ensinava-nos estatística e avaliação sociológica desde pequenos. Era
fundamental ter controlado em que dia sairia cada filme, calcular uma média de
dez cópias disponíveis para alugar (se fosse um filme muito antecipado pelas
massas), avaliar a probabilidade de dez pessoas do bairro quererem vê-lo e,
acima de tudo, estudar a velocidade média de cada vizinho a chegar ao ponto de extracção. Olho com repulsa os petizes que se queixam dos 5 segundos que um vídeo
demora a carregar. Estes nunca compreenderão a frustração de antecipar ver um
filme, esperar quase um ano para que saia do cinema e seja disponibilizado em cassete,
não conseguir uma das cópias no dia do lançamento, ter que esperar dois dias
para que algum bom samaritano devolva o vídeo e rezar termos o <i>timing</i>
perfeito, para o conseguir na primeira devolução. <o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Adrenalina. <o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Havia uma tensão no ar demarcada
por papelinhos com carinhas tristes que destacavam os filmes já alugados. Havia
sempre aquele membro da família que sabíamos que devia ficar em casa pelo seu
gosto antagónico e faria o processo ser um longo episódio de Shark Tank, em que
cada membro da família tinha que defender a sua sugestão como se estivesse nela
pendente um investimento milionário. A adrenalina de podermos levar a nossa
adiante. Uma última caixa sem papel, uma família unida pelo desejo de o alugar,
o primo estúpido que certamente foi adoptado (não por ser estúpido, mas por ser
ruivo), a insistir num filme independente que parecia um porno, 20 minutos a
discutir a berros e a vizinha Clotilde que entretanto chegou e decidiu contar o
final de três filmes, sem que ninguém lhe perguntara. Um cliente entra, os seus
passos ecoam, vai directo ao balcão e pede o filme! O nosso filme! O dono da
loja, pesaroso, aproxima-se de nós e coloca na caixa que eu agarrava
fervorosamente, um papelinho. Era demasiado tarde. Os meus joelhos sucumbiam à
pressão e caia.<o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Culpa.<o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Era hora de levar a segunda opção
para casa. A que só o primo estúpido queria (afinal não era um porno). Ninguém
abdicava de marcadas feições contrariadas e cenhos franzidos. Ele sentiria
culpa se não fosse estúpido, mas nós, sentíamos por o ter deixado levar a dele
a cabo. <o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Orgulho.<o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">O filme poderia ser excepcional, mas
não o poderíamos admitir. A batalha que havia arrebatado o nosso orgulho, ainda
era recente. Fosse como fosse, residia nessa cassete um investimento económico
e emocional. Que não ocorresse a ninguém perder um só momento do filme. Ir à
casa de banho ou à cozinha buscar um petisco era uma acção colectiva, com
momento a ser estipulado pela matriarca. Se o patriarca adormecesse durante o filme,
entoando um ressonar tenor, seria submetido à expulsão da sala, mas, não antes de lidar com a
cara de desilusão e olhar de raiva de todos.<o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Ódio.<o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Toda a fluidez do funcionamento dos clubes
de vídeos residia numa colaboração colectiva entre vizinhos. Mas, todos os bairros tinham um par de exemplares da mais pura escória da
sociedade, que não respeitava os dois dias de entrega, sem medo das repercussões e
ficavam com os vídeos, por vezes, mais de uma semana. Em nossa casa,
determinávamos quem iria devolver o filme assim que o alugávamos, teria de ser uma
acção precisa e sem falhos, como o desactivar de uma bomba. Sendo a bomba a minha
mãe quando descobrisse que teria de pagar a multa por devolução atrasada.
Mais nos valia ir vender um rim, para conseguir o dinheiro e ela nunca
descobrir.<o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Compaixão.<o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">A única alternativa era apelar à
compaixão do dono da loja. Prometer a nossa fidelidade, independentemente da quantidade
de vídeo clubes que abrissem no bairro, assinar a sangue tais intenções,
sacrificar uma cabra numa noite de lua cheia e oferecer o nosso filho
primogénito para repositor (eu fiquei a dever-lhe três fedelhos para
repositores, menos mal que fechou). Assim, podia ser que, secretamente,
rompesse a confidencialidade dono-de-clube-de-vídeo/cliente e nos dissesse
quando teria o vizinho de vir a entregar o vídeo ou, melhor, nos guardasse uma das cópias
quando fosse devolvida.<o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Perda.<o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">A cada lua cheia, na acção social de rebobinar a cassete, o leitor de vídeo regurgitava fita negra. Era enfiar os dedos nos
orifícios da cassete e rodá-la como se a nossa vida dependesse disso. O pânico,
o horror, de ter de pagar por um filme que não era bom e que, possivelmente, só serviria como adorno de árvore de natal.<o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Mas a principal perda é que fecharam.
Para sempre. As novas gerações nunca vão compreender depender de um parágrafo
para avaliar se um filme seria bom ou mau. Executar uma leitura analítica e
literária do título. Avaliar aquelas três micro-imagens na parte de trás da capa
(o <i>trailer </i>da altura). Estudar a capa até ao mais ínfimo detalhe, imaginando de
que raio se trataria o filme. <o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Saudosista? Quiçá. Mas adorava esta
tradição. Hoje tudo é fácil, o <i>trailer </i>conta quase a história toda, vemos a
avaliação no imdb e determinamos se merece o nosso tempo, a família raramente se
reúne para ver filmes, se não gostamos do enredo aos cinco minutos paramos e
vemos outro. </font></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Enfim…mudam-se os tempos, mudam-se os filmes.</font></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-BKQ8Xk0j0Og/Xrbta7tIAgI/AAAAAAAAA0Q/hwZgebMVapUucF3M5_xHpGp5tAVV5zVWACK4BGAsYHg/1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1100" data-original-width="880" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-BKQ8Xk0j0Og/Xrbta7tIAgI/AAAAAAAAA0Q/hwZgebMVapUucF3M5_xHpGp5tAVV5zVWACK4BGAsYHg/w320-h400/1.jpg" width="320" /></a></div>Nadahttp://www.blogger.com/profile/16028805697739083606noreply@blogger.com22tag:blogger.com,1999:blog-2779764301274443029.post-60107734008916596502020-05-06T18:34:00.003+02:002020-05-10T10:36:43.236+02:00Não Sabem o Que Perdem<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana"><i>“E vocês, para quando?”</i></font></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">A pergunta
que todas as mulheres grávidas projectam, como uma bola de ténis, à cana do
nariz das amigas que estão em relações longas, mas ainda não decidiram reproduzir os seus
genes duvidosos. A dádiva da vida é algo fabuloso. Também fabuloso, é que mais
futuras mães não levem cabeçadas quando proclamam esta pergunta com um tom
carregado de julgamento. <o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Casa comprada, marido imaculado,
emprego de sonho. Os objectivos base que, enquanto crianças, estabelecemos como
garantidos antes aos 23 anos de idade, quanto muito. Vemos as princesas da
Disney a amanharem-se com homens com património imobiliário (um fabuloso
castelo, ou no caso do Simba, “tudo o que a luz alcança”, hoje em dia as
imobiliárias já não medem as coisas assim, é uma pena), isto, antes dos 18 anos de
idade e, no benefício da dúvida, proporcionamo-nos mais cinco anos, não vá a
puberdade ser mais lenta que desejado. Soubesse a pequena Eu de dez anos de idade, que
passaria dos trinta e ainda estaria a patinar em maionese existencial, teria tentado
trepar de regresso ao conforto do útero da minha mãe.<o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">As minhas amigas já vão pelo segundo e
terceiro petiz, dando-se ao luxo de arruinar a vida de ao menos um deles com um
nome que lhe vai proporcionar uma carga de porrada diária desde a creche. O
nascimento de um novo ser é um milagre. Deposito toda a minha fé nas
capacidades reprodutoras dos demais, para criar gerações que não estejam
repletas de fedelhos mal-educados, mas eu acho que o meu relógio biológico veio
sem pilha de fábrica. Eu assassino um cacto em menos de uma semana, seria
imprudente procriar. Estou quanto muito a zelar pelo bem-estar dos vossos
futuros filhos, porque filho meu aos 3 anos já saberia usar <i>nunchucks</i>
melhor que o Bruce Lee.<o:p></o:p></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana">Não nos prendamos aos cânones
impostos pela sociedade, desfrutem das vossas decisões e sejam plenamente
felizes com elas, independentemente, do que as pessoas que vos rodeiam estão a
fazer. O vestido rodado da Cátia Vanessa não tem porque vos ficar bem, nem tão pouco a
sua vida.</font></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-dCNGsAlXsMU/XrLkPPCUI3I/AAAAAAAAAzc/zhkPv7f7nDIWvb-5ZmvKhiRkvCwONGOWQCK4BGAsYHg/1.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="310" data-original-width="460" src="https://1.bp.blogspot.com/-dCNGsAlXsMU/XrLkPPCUI3I/AAAAAAAAAzc/zhkPv7f7nDIWvb-5ZmvKhiRkvCwONGOWQCK4BGAsYHg/d/1.jpg" /></a></div>Nadahttp://www.blogger.com/profile/16028805697739083606noreply@blogger.com28tag:blogger.com,1999:blog-2779764301274443029.post-51864316620541000932020-05-04T19:18:00.000+02:002020-05-04T19:19:16.264+02:00Cultura de Merda<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">“De Espanha nem bons ventos, nem
bons casamentos”, entoou a minha avó sussurrando, como apelo ao meu bom senso
ao despedir-se de mim, faz mais de cinco anos, quando embarcava o voo que me
levou para a terra de <i>nuestros hermanos</i>. Ri-me, trocista, como se isso alguma
vez fosse suceder. Eu, <i>moi-même</i>, a sucumbir aos encantos de um ser aciganado,
vendedor de caramelos, carregado de brilhantina no cabelo, sentado num carro a
diesel barato e com uma mãe dançarina de flamenco, carregada de maquilhagem,
uma verruga à esquerda do lábio e uma flor do tamanho de um repolho na cabeça
(se me faltou algum estereótipo peço desculpa, esforçar-me-ei mais para a
próxima).</span><span style="background: yellow; mso-highlight: yellow;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Arranjei então um namorado
catalão. O que faz dele o pão de passas do território espanhol, não é bom para
besuntar na molhanga de um bife, mas também não serve de sobremesa. É o “nem chove, nem molha” da metáfora padeira.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Há todo um processo de
aprendizagem de ambas as partes para uma relação multicultural saudável. Eu
ensino-o a comer pão com manteiga, não vá um dia a minha saúde estar débil e,
ao pedir-lhe uma torrada, ele apareça com um pão besuntado com azeite e um
tomate esborrachado no meio (era eu doente a um canto e ele morto no outro).
Ensino-o que quando apresentada uma descomunal embriaguez, o procedimento essencial,
aconselhado pelo Ministério da Saúde, é entupir-nos de caldo verde e pão com
chouriço. Não churros com chocolate, que isto não é uma ida à feira de
Matosinhos com os pequenos. Sou mediadora de debates e dou palestras a ele e
aos seus familiares em como não há um monopólio de comércio de toalhas em
Portugal e asseguro que as mulheres portuguesas não têm todas bigodes (ter
temos, mas vá…). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Ele, por outro lado, ensina-me
toda a sua cultura de merda. Não... Não estou a difamar a sua cultura, eles
fazem isso sozinhos, eu só estou a constatar factos. Nós temos o Zé Povinho e eles
o Caganer, agora ponderam vocês, “com tal denominação, de que se poderá tratar?”.
Pois, caro leitor, trata-se de um personagem, que eles colocam no presépio, tipicamente de
traje campesino, a defecar. Andam os três reis magos a dar voltas ao que
oferecer ao salvador recém-nascido e, vem o camponês catalão, arrear o presente
atrás da vaca do presépio. Ambas as culturas têm, então, pequenas estátuas de
personagens, potencialmente ofensivas aos olhos de outras culturas. Os catalães,
acharam então por bem, não ficar empatados connosco. Como o natal não tinha já
problemas suficientes com os clássicos dilemas familiares e um campesino
incontinente a invadir o presépio, criaram o Caga Tio. Este, resumidamente, é
um pau, aconchegado numa manta, esboçando um sorriso agradável, olhos melosos e com um chapéuzinho como o do Caganer,
ao qual os petizes enchem à paulada com outro pau (este sem olhos), na esperança
de que o primeiro defeque chocolates. Ora que boa ideia! Ah! Mas têm de cantar
ao mesmo tempo (qual ritual satânico).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Quando eu pensava que a Catalunha
havia compactado todas as possibilidades de traumatizar novas gerações em duas
personagens, eis que me é apresentado o seu equivalente ao nosso São Martinho. Quando
era pequena, saltava alegremente sobre a fogueira, entoando cânticos joviais
sobre as castanhas que iríamos comer em seguida. Eles vestem-se de doentes
mentais, criam uma figura gigante de um louco e ateiam-lhe fogo com gasolina. É…!
Eu com seis anos comia cola e os catalães aprendiam a ocultar um homicídio por acção
do fogo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Gosto de acreditar que ensinamos
às nossas crianças bons costumes, mas tenho que dar o braço a torcer que se me
tivessem ensinado que se andasse à paulada recebia doces, que defecar é
considerado um acto religioso e que caso me depare com alguém louco lhe posso
atear fogo e resolver o problema, o meu trajecto de vida tinha sido
consideravelmente mais fácil.</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-5rHRJ8LkFfw/XrA0rO8IUtI/AAAAAAAAAzA/eXLZ0n5icJ04rz26X9cTOddieaztYHuJwCK4BGAYYCw/s1600/1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://3.bp.blogspot.com/-5rHRJ8LkFfw/XrA0rO8IUtI/AAAAAAAAAzA/eXLZ0n5icJ04rz26X9cTOddieaztYHuJwCK4BGAYYCw/s400/1.jpg" width="378" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Nadahttp://www.blogger.com/profile/16028805697739083606noreply@blogger.com25tag:blogger.com,1999:blog-2779764301274443029.post-86120367158318835772020-05-01T17:49:00.000+02:002020-05-01T18:03:53.492+02:00Intervenção de Hemisférios<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; text-align: justify;">Caro Hemisfério Cerebral Direito,</span><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Temo que isto da quarentena nos
esteja a escapar das mãos. Temos de ver a situação com objectividade e eu sei
que para ti isso é difícil. És o lado <i>hippie </i>do cérebro, muito útil para coisas
como, sei lá, pintar quadros e ver relva crescer, mas não és o mais esperto dos
hemisférios, sou eu, ponhamos assim a coisa. Hoje voltou a chuva e acho que
isso escaqueirou por completo a nossa humana. Anda por casa enrolada numa
manta, parece o resultado de um romance furtivo entre um padre e um taco, já
para não falar, dos comportamentos de cão farejador à procura de comida
processada. Ontem comeu uma bolacha que encontrou no sofá. Não temos bolachas
em casa há meses.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Eu sei que volta e meia temos
feito o esforço de a convencer e ser saudável, mas temos de ser mais
consistentes. Não posso ser sempre eu a bombardeá-la com estatísticas mentais
de quanto tempo vai demorar para perder o peso, enquanto tu, a fazes sonhar com
<i>donuts </i>de tutu, que vivem em granjas de pizza e vivem atormentados por repolhos
psicóticos (acho que tens um aneurisma para esses lados, temos que ver isso, isto
não é normal nem sob o efeito de estupefacientes). A última intervenção foi um
investimento de 162 horas, em colaboração com os anúncios do Instagram que eram
só de gente saudável e tudo para quê? Para fazer uma flexão e dar-lhe fome.
Passámos de três refeições diárias a sete, com lanchinhos pelo meio e nutella
por intravenosa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Já pedi ajuda ao coração, mas ele
é um inútil que passa a vida a patinar na maionese. Os outros músculos foram
internados nos cuidados intensivos internos por falta de uso. Ela leva dois
dias a atirar-se da cadeira para cima do aspirador inteligente a ver se este
tem potência para a arrastar até à cozinha. A nossa humana parece uma alforreca
fora de água, não se mexe e dá uma mistura de repulsão e pena a quem olha para
ela. Sinto que um destes dias alguém lhe vai dar com um pau. </span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Ela não é má pessoa, mas tem a
força de vontade de uma batata. Continua a convencer-se que quando a quarentena
acabar vai alimentar-se a alface e fotossíntese, para compensar, e que irá ao
ginásio sete dias por semana. Ou já não sabe quantos dias há numa semana ou
está demente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Peço-te, então, que unamos forças
por uma última tentativa de salvar este corpo, porque os transplantes cerebrais
ainda não são um sucesso e eu não tenho talento para ver tinta secar como tu.
Convence-a que é boa em ioga, que não dança como uma palhaça e que a paragem
respiratória de que sofreu a última vez que correu (para o frigorífico), foi um
caso isolado derivado do clima. Juntos vamos conseguir!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Espero ansiosamente a tua
resposta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Cordiais cumprimentos,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Hemisfério Esquerdo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-Vi0SveZcsdI/XqxIWrnPmwI/AAAAAAAAAyk/oPCQjYZv93os0gmwbKSwwP-fuZgg0RHHACK4BGAYYCw/s1600/1.jpg" imageanchor="1"><img border="0" height="320" src="https://4.bp.blogspot.com/-Vi0SveZcsdI/XqxIWrnPmwI/AAAAAAAAAyk/oPCQjYZv93os0gmwbKSwwP-fuZgg0RHHACK4BGAYYCw/s320/1.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Nadahttp://www.blogger.com/profile/16028805697739083606noreply@blogger.com24tag:blogger.com,1999:blog-2779764301274443029.post-34802743566424999612020-04-29T19:05:00.000+02:002020-05-04T17:35:32.404+02:00Estica as Mãos<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Nascemos e é-nos apresentada uma
realidade cheia de vida e possibilidades. Um sem fim de oportunidades que
podemos explorar, mas não faremos. Da mesma maneira que o médico não nos
pergunta se queremos chorar naturalmente ou se nos pode agitar como um frango
no ar e esbofetear o nosso “nalgal”, a vida também não nos oferece a escolha
entre um emprego frustrado ou abraçar pandas profissionalmente. O escape, para
muitos, é encontrado nos videojogos, onde podemos encarnar a personagem que
mais desejamos ser e fugir à nossa realidade aborrecida.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A grande maioria de nós,
restringindo-se por uma sociedade que nos disse que não podíamos ser todos
extraordinários (ou o conceito da coisa perderia sentido), contentamo-nos com
jogos que exploram a nossa pequenez. Há um perpetuar no sucesso de jogos onde
podes viver o stress de ser empregado de mesa, a adrenalina de plantar tomates
e passear galinhas, ou criar vidas que vais destruir gradualmente em reflexo da
tua. A questão é que estas missões (chamemos-lhe assim para parecer épico), são de possível execução na
vida real, mas são conhecidas pelo seu défice de glamour. O stress de ser um empregado de mesa cria-te urticaria e vives na possibilidade iminente de ser despedido, pela quantidade de batatas que roubas de pratos de clientes, para afogar as tuas mágoas; ter que degolar a Gertrudes para o jantar é
terrível, porque ela corre mais que tu (pode ser relevante mencionar que a
Gertrudes é uma galinha); e tomar más decisões que vão levar ao ruir da nossa
existência é algo que fazemos com naturalidade, é um dom. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Não sou ninguém para julgar os
criadores de ditos jogos, afinal de contas, já existem jogos de absolutamente
tudo e ser inovador, por vezes, parece uma missão impossível. Mas, descobri esta semana, um simulador ao que acho que
não lhe é dado o devido valor: o simulador do Papa. Chega de plantar nabiças <i>online</i>! É
hora de sonharmos alto e conduzir a igreja católica ao seu apogeu, passear
de papamobil, acenar a súbditos, ofender descrentes…ou o que quer que seja que
o Papa faz.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Julguei ter em mãos o presente
católico deste Natal. Até que tentei salvar um transeunte, numa das minhas
passeatas esquizofrénicas, vestida de Papa pelas ruas de Amesterdão, dando-lhe com o meu
Papa-ceptro na nuca enquanto gritava “Vade retro Satanás” (não faço mesmo puto
ideia do que raio faz o Papa para se entreter), e ele, que afinal era um
verdadeiro fiel, deu-me uma cabeçada e elucidou-me que havia um caminho mais divino a tomar. Algum
ser iluminado havia criado o simulador de Jesus (chama-se I’m Jesus Christ, nem
a minha cabeça perturbada chegaria a tanto sozinha).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Se já vos custava conceber as
tarefas diárias do Papa, então preparem-se porque não há maneira de não ser um
herege ao pensar nas possibilidades de Jesus. Avassalantes possibilidades e
missões: levar Maria Madalena a um jantar de família com Deus e esperar
aceitação das suas opções profissionais; apanhar bebedeiras e ressuscitar como
truque para animar festas; lutas contra hereges em cima de água; usar as
picaretas das palmas das mãos como armas mortíferas ou para fazer <i>mojitos</i>. Mas
não… Este jogo explora toda a parte nobre, mas entediante, de ser Jesus, como
esticar as mãos para curar a cegueira; esticar as mãos para parar tempestades;
e esticar as mãos para alimentar homens esfomeados (o truque está em esticar as
mãos caso não tenham reparado).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Agora que eliminám</span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">os uma linha
que era tão ténue que nem sabíamos que existia, entre o tédio e a religião,
podem-se considerar humanos mais completos. Têm agora o conhecimento necessário
para estragar o próximo Natal aos vossos petizes, marcá-los para a vida e,
quando chegue a altura, garantir o vosso lugar no mais segregado lar de idosos
da sociedade.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-UJEh8u12v68/XqmpHRxT-eI/AAAAAAAAAx0/jLicwvIL3946KW_E23NE0Jmsp_hWqjEVQCK4BGAYYCw/s1600/2.jpg" imageanchor="1"><img border="0" height="400" src="https://4.bp.blogspot.com/-UJEh8u12v68/XqmpHRxT-eI/AAAAAAAAAx0/jLicwvIL3946KW_E23NE0Jmsp_hWqjEVQCK4BGAYYCw/s400/2.jpg" width="295" /></a></div>
Nadahttp://www.blogger.com/profile/16028805697739083606noreply@blogger.com24tag:blogger.com,1999:blog-2779764301274443029.post-22669302815186088572020-04-27T18:12:00.002+02:002020-04-27T18:14:48.342+02:00Nos Entrefolhos da Memória<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Abril tem uma adaga cravada na
minha memória, cheia de dor e ressentimento. Foi em Abril, que numa Feira em
Sevilha, perdi uma das minhas amigas nos entrefolhos do seu vestido, onde nunca
mais foi avistada. Partilho com vós esta experiência traumática para que nunca
tenham de passar pelo mesmo. Ocasionalmente, ocorre em casamentos, mas é,
principalmente, uma problemática recorrente na Feira de Abril na Andaluzia e
ninguém aborda o assunto com medo das represálias.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Com o pé do seu pai cravado nos
costados e as suas quatro primas a puxar das cordas do <i>corset</i>, não podia deixar
de admirar o tom rosado magnifico que a falta de oxigénio lhe havia
proporcionado. Que inveja! A minha família são uns egoístas que nunca
dispensaram tempo para me sufocar. Finalmente, estava dentro do seu magnifico
vestido vermelho com pequenas bolas negras. Parecia a noiva de um bolo de
casamento de um casal invisual, onde as cores haviam sido um claro acidente do
pasteleiro, mas tinha bolas suficientes para se ler em braille e isso era o
importante. Estaria dentro desse vestido
as próximas dez horas, aproximadamente, tudo o que comesse ou bebesse poderia ser
o seu fim, pois, literalmente, não havia espaço para erros.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O seu pai levantou-a como uma
viga de madeira para a encaixar a pés juntos dentro dos seus sapatos, visto que
agachar-se não era uma opção. Estava claro que iria de boca ao chão em poucas
horas, mas valeria a pena. Colocou os brincos de plástico de mola, que pareciam
parte de uma máscara de Carnaval e, finalmente, ajudaram-na a colocar uma
enorme flor, também esta de plástico, na cabeça (todo o meu respeito àquele
pescoço com força sobrenatural). Uma parabólica disfarçada de rosa, que tapava
todo o penteado em que havia trabalhado por horas, mas proporcionaria Sportv e
os canais de cinema a todos na festa. Estava pronta! Com tanta coisa em cima
que já nem se lhe via a cara, mas certamente estaria linda debaixo de todo
aquele carnaval de folhos e pétalas mutantes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Levávamos já umas horas de festa
e ela implorou por ajuda para usar a casa de banho. Pedimos resistência, pois
não seria humanamente possível voltar a enchouriçá-la com tamanha precisão, mas
ela não podia aguentar mais. Éramos cinco num espaço diminuto, cada uma puxava
por um lado do vestido e havia folhos por todo o lado, pareciam cada vez mais,
não nos chegavam as mãos! O silêncio. Onde estava? Gritámos por ela,
lançámos-lhe cordas, mas era demasiado tarde. Havia sido tragada por uma
tradição antiquada, um mau gosto ímpar e o repolho que levava na cabeça apenas
lhe serviu de âncora.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Aprendam com o sofrimento alheio.
Com as mãos no coração agradeço que este ano não haja Feira de Abril.</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-ux9-S-nLbVw/XqcEXjgnEgI/AAAAAAAAAxQ/BZsSLJLpeDsCQgJ6tqflIgP3pme2HlIHQCK4BGAYYCw/s1600/3.jpg" imageanchor="1"><img border="0" height="400" src="https://3.bp.blogspot.com/-ux9-S-nLbVw/XqcEXjgnEgI/AAAAAAAAAxQ/BZsSLJLpeDsCQgJ6tqflIgP3pme2HlIHQCK4BGAYYCw/s400/3.jpg" width="315" /></a></span></div>
Nadahttp://www.blogger.com/profile/16028805697739083606noreply@blogger.com17tag:blogger.com,1999:blog-2779764301274443029.post-24704298654404078282020-04-25T17:38:00.000+02:002020-04-25T17:45:14.890+02:00Dando a Outra Face<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Tempos de peso imensurável.
Cravar na parede mais um dia passado em quarentena, suspirar perante as medidas
dos governantes, recear pelo futuro a que seremos condenados e acima de tudo
temer pelos nossos, que queremos a são e salvo. Tempos em que, como indivíduos
e nação, espelhamos aquilo que somos, mas o espelho dos americanos parece estar
embaciado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Um presidente é o reflexo do seu
povo, diriam alguns, afinal de contas, foram estes que votaram para este obter
o cargo. A realidade é que conseguimos ver à distância quem votou em dita bola
de plasticina laranja para presidente, normalmente, destacam-se pelas tatuagens
supremacistas, bonés do Trump, ausência de dentes e bom senso. Todos os demais,
que ficaram em casa e não foram votar em 2016, tiveram quatro anos para se
arrepender.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A todos os energúmenos que
ingressassem em hospitais por injectarem Cif para a veia depois dos conselhos
do presidente deviam-lhes retirar, automaticamente, o cartão de eleitor e levar
um par de lambadas, para que lhes saísse o Cif pelas ventas. Mas, dando a outra
face, quem os pode julgar? São pessoas desesperadas que querem a sua liberdade
e o seu presidente devia ser alguém em quem pudessem confiar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Mudamos de canal e vemos que
enquanto muitos se mantêm em casa e respeitam a quarentena, manifestações enchem
as ruas de vários Estados, por motivos de força maior: os cabeleireiros e as
lojas de fertilizantes para plantas estarem fechados. O Drama! O Horror!
Invocam a gritos o cliché de que a América é a terra da liberdade e querem ter
a liberdade de fazer uma permanente e cavar batatas. Trump em conferências e
<i>tweets </i>congratula estes bravos que lutam pelo que querem. Se a OMS enviar esta
gente toda para uma ilha qualquer na Antárctica com uma sandocha de atum, é o
melhor investimento para a saúde de todos nós, mental e física. Mas, dando a
outra face, quem os pode julgar? São pessoas desesperadas que querem a sua
liberdade e o presidente não devia ser <i>cheerleader </i>de más condutas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O presidente deixou que o
responsável de cada Estado determinasse em que momento podem regressar à
normalidade e, entretanto, que tipo de negócio é fundamental permanecer aberto
na zona que governam, ao que parece, sem limitações nem questionar a sanidade
mental de cada um. Temos, então, Estados em que os negócios e espaços fundamentais são:
lojas de armas (bom truque psicológico: quem precisa de ter medo de uma
pandemia, se há pacóvios armados em todo o país), pavilhões de <i>wrestling</i>
(porque há que lutar contra a pandemia) e praias (de acordo com o presidente o
sol queima o vírus)…é! O Estado de Florida consegue destacar-se, sendo um
combinar perfeito de todas as más ideias de todos os outros Estados. Os
próprios americanos começam a rezar para que Florida se descole acidentalmente
do continente e parta à deriva com todos os seus habitantes. Mas, dando a outra
face, quem os pode julgar? Acho que nós podemos, que somos pessoas desesperadas
que já não têm mais faces para dar!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Queriam ver-se livres dos
imigrantes? Queriam que os mexicanos pagassem pelo muro? Não se preocupem. Eles
estão já a fazer as malas e vão encarregar-se de construir o muro no regresso a
casa, para certificar-se que vocês não os seguem. Imagino os pobres nativo
americanos a dar voltas na tumba de tamanha vergonha alheia, a pensar, e
morremos nós para isto.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Desisto de ver noticias! Agradeço
que me mandem um sms quando puder sair de casa ou quando tiverem instalado uma
coleira de choques a Trump, para que ele leve descargas cada vez que diz
baboseiras [pensamento exacerbado, que vou manter para mim mesma: antigamente
os reis e presidentes caiam como tordos, e agora que é preciso, não há
psicóticos com boa vontade].</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-VLf0YdieJbI/XqRZAvFf8KI/AAAAAAAAAws/z3S-xQFIoLsHsNe62LUkGnsDZY-usjAAACK4BGAYYCw/s1600/2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" height="265" src="https://4.bp.blogspot.com/-VLf0YdieJbI/XqRZAvFf8KI/AAAAAAAAAws/z3S-xQFIoLsHsNe62LUkGnsDZY-usjAAACK4BGAYYCw/s400/2.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Um bem haja e um feliz 25 de
Abril a todos.</span></div>
Nadahttp://www.blogger.com/profile/16028805697739083606noreply@blogger.com17tag:blogger.com,1999:blog-2779764301274443029.post-34643826124447758682020-04-23T18:25:00.000+02:002020-04-23T18:29:26.381+02:00Recessão de Sonho<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; text-align: justify;">Caríssima entidade patronal,</span><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Após reflectir, seriamente,
quanto à oportunidade única que me foi dada de trabalhar desde o conforto do
lar, venho por este meio comunicar, que estou capaz de matar uma cabra a grito
(se me providenciarem uma cabra, terei todo o gosto de vos provar a veracidade
desta afirmação por vídeo conferência).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Todas as manhãs ao toque do
alarme, que eu carinhosamente esbofeteava repetidamente (o botão nunca parece
estar no mesmo sítio, vicissitudes da vida) eu desejava poder trabalhar desde
casa, pobre néscia era. Agora que compreendo as normas deste convénio, prefiro
voltar a ver-vos ao vivo para que consigam experienciar, não só o meu olhar
desaprovativo de tudo o que dizem, como consigam desfrutar dos efeitos sonoros
proporcionados pelos meus eloquentes suspiros. Quem sou eu para vos privar do
deleite da minha presença e de tal experiência sensorial?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">As vídeo chamadas são o principal
motivo para a ruína desta experiência social. Acho incongruente e anti natura a expectativa de me verem numa indumentária que não seja um pijama ou, o cânone
cultural, que é a “roupa de estar em casa”. Diria, até, que é antipatriótico! Não
podem fazer seminários de 8 horas e esperar que não coma, beba ou adormeça.
Estou farta de ser julgada por pedir palavra a meio das conferências para
comunicar que vou defecar, mas também me julgam quando desapareço sem dizer
nada e, nem falemos, da vez que vos levei comigo para a retrete (continuei a olhar
fixamente para vocês durante todo o processo, com inteira atenção, não
compreendo o que mais querem de mim!). Dói-me cada vez que interrompem a minha
sessão de zumba e, ainda por cima, duvidam da minha palavra quando garanto que
estava a trabalhar no orçamento que me havia sido pedido. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Não sei que dia é hoje e,
honestamente, enquanto não me ligarem vou fingir que é sábado. É, então, dia de reflectir sobre a vida. Concluí, que gosto de estar em casa, apesar dos meus
glúteos terem agora vida própria e estarem tão grandes que se registaram para
votar. Mas se estar em casa requer que tome banho, me maquilhe, vista
apresentavelmente e tenha de fingir que estou com atenção ao que dizem, prefiro
sair à rua!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Com desejos de soltura imediata,
antes que coma o canário,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Cordiais cumprimentos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-U4WFqUERFCc/XqG-1hVWTcI/AAAAAAAAAwU/2fgCB77ee6IBnV7L2tF1FV5Vz1N8o0ZfACK4BGAYYCw/s1600/1.jpg" imageanchor="1"><img border="0" height="400" src="https://4.bp.blogspot.com/-U4WFqUERFCc/XqG-1hVWTcI/AAAAAAAAAwU/2fgCB77ee6IBnV7L2tF1FV5Vz1N8o0ZfACK4BGAYYCw/s400/1.jpg" width="400" /></a></div>
Nadahttp://www.blogger.com/profile/16028805697739083606noreply@blogger.com28tag:blogger.com,1999:blog-2779764301274443029.post-30244752835888256622020-04-21T19:25:00.000+02:002020-04-21T19:25:27.540+02:00Subsidiação de Estilo de Vida<span style="font-family: verdana, sans-serif; text-align: justify;">Exmos. Senhores,</span><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Venho por este meio felicitar a
iniciativa, da qual tive conhecimento, em que vários países subsidiam a mudança
de sexo a pessoas que provam estar a sofrer de uma limitação psicológica por
terem nascido no corpo, digamos, errado. Gostava de vos apresentar o meu caso e
espero que o tenham em consideração para futura subsidiação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Eu nasci para ser uma dondoca e
fui colocada, erroneamente, num cenário suburbano e operário. Eu não fui feita
para laborar e estou a sofrer angústias terríveis. Todo o processo de acordar
cedo e ter de efectuar...coisas…cansa! Já para não falar do <i>bullying</i>
constante. Não há dia em que não me julguem preguiçosa e me escravizem em nome
da produtividade proletária. Eu não pedi para ser colocada nesta posição!
Ninguém me vê a apontar o dedo à débil desenvoltura dos meus progenitores com
jogos de azar, que me poderia ter poupado esta vida repleta de tamanhas chagas.
Gostaria, portanto, de candidatar-me ao vosso subsídio pois sofro de clara
limitação psicológica por ter nascido num corpo errado, nomeadamente, de pobre.
Saio bastante em conta pois gosto da minha genitália, mas gostaria ainda mais
se ela estivesse agora esborrachada no divã de uma <i>penthouse </i>na
Indonésia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Fui diagnosticada pelo Google com
uma doença terminal. Sofro de delírios quanto ao meu <i>status</i> e o meu
estilo de vida opulente levará ao meu padecer, se não paro de chamar de pobretanas
a transeuntes aleatórios, enquanto faço pontaria à testa dos seus rebentos com
moedas de cêntimo. De acordo com o médico especializado que me diagnosticou, a
única possibilidade de salvação é uma mudança drástica de estilo de vida e, caso
vos sobrem fundos, ajudaria, à ansiedade de tamanha transição, um implante
mamário de copa D. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Não temam, pois quero ser um
membro activo na sociedade e quero trabalhar! Só peço, humildemente, um emprego
no qual seja feliz, e onde o salário seja, proporcionalmente, inverso à quantidade
de trabalho. Quero alcançar os pequenos luxos da vida, como não saber quantas
assoalhadas tem a minha casa e nunca mais temer o fim de um rolo de papel
higiénico (que resulta sempre naquele cenário degradante, de esticar-me na
sanita para alcançar outro, que por algum motivo sombrio se guarda num móvel
nada acessível), pois haverá sempre um novo, dobrado cuidadosamente em
triângulo, por um jovem de quem nunca saberei o nome, porque não me interessa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Caríssimos, sem vocês não
conseguirei! Preciso do vosso financiamento para esta causa justa e de real
importância. Ao contrário dos diamantes, a família Kardashian não é para sempre
e, na sua ausência, alguém precisa colmatar todo o vazio que a sua existência
aporta ao mundo. Eu sou a vossa pessoa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Cordiais cumprimentos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<o:p><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"> <a href="http://3.bp.blogspot.com/-cUJID5Lz25w/Xp8sDUZsZ3I/AAAAAAAAAvw/q2BN7qSLznsmaEoTCb2aOX3ecIk-CmlWgCK4BGAYYCw/s1600/kinda-classy-funny-quote-d1d-prints.jpg" imageanchor="1"><img border="0" height="400" src="https://3.bp.blogspot.com/-cUJID5Lz25w/Xp8sDUZsZ3I/AAAAAAAAAvw/q2BN7qSLznsmaEoTCb2aOX3ecIk-CmlWgCK4BGAYYCw/s400/kinda-classy-funny-quote-d1d-prints.jpg" width="400" /></a></span></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: xx-small;">[Uma ode às grandes empreendedoras
da vida, como as Kardashian, a quem não falta genitália para mendigar. Perante as
brumas da memória de que uma delas criou um <i>crowdfunding </i>para ser a bilionária
mais jovem do mundo…e ter conseguido]</span></div>
Nadahttp://www.blogger.com/profile/16028805697739083606noreply@blogger.com27tag:blogger.com,1999:blog-2779764301274443029.post-91550436957972214212020-04-19T17:39:00.000+02:002020-04-19T17:46:26.702+02:00Têm Oito Saídas de Emergência<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O horizonte vislumbra-se ao
longe, incidindo sobre ele, raios de luz que parecem divinos. Agradecemos aos
céus a sorte que temos, abrimos os braços de rompante para planar sobre as
nuvens que nos rodeiam. Apercebemo-nos, então, que estamos num avião e
esticámos uma bofetada à hospedeira que, garantidamente, irá cuspir em todos os
refrescos que me sirva nas 12 horas de viagem que ainda faltam.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Entrar no avião e cumprimentar a
hospedeira de monho perfeitamente centrado, que repete ritmicamente saudações
como se tivesse sido programada para autodestruir-se se um passageiro não se
sente bem-vindo. Indica-me o lugar, com um olhar de agradecimento, quando
observa que não entro a bordo com trigémeos recém-nascidos. Pedi lugar à
janela, não pelas vistas, mas para evitar que a clássica senhora de fato de
treino nos tente passar por cima a cada dez minutos para esticar as pernas,
glorificando as suas varizes, como um memorial a veteranos de guerra. Olhamos
para os passageiros a entrar, como se um desfile se tratasse, rezando,
mentalmente, que não fique ao nosso lado um ser da lista negra: bebés (ou
qualquer ser que supere os decibéis concebíveis ao ouvido humano); pessoas que
não respeitam as leis de convivência aérea (como: a pessoa sentada no meio tem
o direito legal aos dois apoios de braço); pessoas que não foram cordialmente
apresentadas a nenhuma marca de desodorizante; indivíduos a quem a companhia
aérea devia ter proporcionado dois lugares, mas o capitalismo não o permitiu,
transbordando dobras de pele por encima dos apoios de braços.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">É hora de voar e não questionar
como aquela carrinha com asas vai chegar ao seu destino. O importante é que foi
barato e há bar aberto durante todo o voo. A hospedeira começa a fazer a
demonstração de segurança e todos os passageiros fingem que estão ocupados,
excepto eu, que com o olhar mais penetrante e desconfortável, a olho fixamente.
Isto, porque sei, que a minha vida pode depender desses minutos de atenção. Não
caso o avião caia, porque aí estamos todos mortos (que isto não é o Lost), mas
porque sei, que é uma questão de tempo até que uma hospedeira perca as
estribeiras, saque de uma metralhadora e dê cabo de toda a gente que fingiu
estar a dormir nos seus dois minutos de fama. Isto, enquanto eu como M&Ms
no cockpit, cortesia da casa, por bom comportamento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">As mordomias de ter alguém
durante doze horas a trazer-me comida, bebida, mantinhas, e almofadas, enquanto
desfruto de filmes que ainda não estão no cinema (nem nunca vão estar), é um luxo!
Está bem que, passado um par de horas, quero cortar as pernas de tão inchadas
que estão; quero empalar a velha do assento da frente para que deixe de testar
os limites da cadeira reclinável; e estou farta de evitar a unhaca do dedo do
pé do senhor do acento de trás que, como um idoso de gabardina sem nada por
baixo, espreita sorrateiramente entre a janela e o meu banco, aguardando o seu
momento de glória. Mas vale a pena (porque não estamos sóbrios quando nada
disto passar)!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Aterramos, sinais de cintos ainda
acesos, mas toda a gente, que aguentou 12 horas sem tugir nem mugir, precisa de
se levantar assim que as rodas embatem no chão, como suricatas em êxtase. Chega
o momento de sair, despedir da hospedeira que olha fixamente o vazio,
questionando a sua escolha profissional, e concluir que temos tempo de
constituir família no terminal do aeroporto antes que cheguem as nossas malas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Não há nada como viajar.</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-VQpTX2n5XOc/XpxoY75uAbI/AAAAAAAAAvQ/jsk4JImGNTENR39y9BPjDrwccUBevz-UwCK4BGAYYCw/s1600/canva-white-alpaca-travel-funny-postcard-46ZmlydTUAk.jpg" imageanchor="1"><img border="0" height="283" src="https://4.bp.blogspot.com/-VQpTX2n5XOc/XpxoY75uAbI/AAAAAAAAAvQ/jsk4JImGNTENR39y9BPjDrwccUBevz-UwCK4BGAYYCw/s400/canva-white-alpaca-travel-funny-postcard-46ZmlydTUAk.jpg" width="400" /></a></span></div>
Nadahttp://www.blogger.com/profile/16028805697739083606noreply@blogger.com20tag:blogger.com,1999:blog-2779764301274443029.post-48391233253161428312020-04-16T18:40:00.000+02:002020-04-16T18:58:48.835+02:00Amor: À Direita a 400 Metros<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Era uma vez, contavam-se
histórias de felicidade, conquista, príncipes e princesas. Histórias que
conduziram tantas infâncias e criaram as fundações de muitos, como eu. Com um
sorriso no canto dos lábios, recordo as horas investidas nestes contos e
pergunto-me o que raio teriam os meus progenitores na cabeça. Fizeram-me crer
que é perfeitamente plausível que um príncipe encantado seja um mentiroso
compulsivo; beije defuntas que encontra por aí esparramadas, enquanto dá um
passeio para esticar as pernas; que um fetiche por pés faz dele interessante;
e que ser feita prisioneira por um fulano com acentuada falta de higiene
pessoal, é razoável desde que ele seja rico. Depois, perguntam-me o porquê do
meu cepticismo quanto ao amor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O Tinder é uma aplicação criada
para encontrar o amor (de umas horas, se tiverem sorte). Eu sempre me acusei
como incapaz de, sequer, considerar a possibilidade de usar uma aplicação para
encontrar, nem que seja, um engate. Chamem-me antiquada, mas cresci com
histórias de princesas com claros problemas psicológicos e vi demasiados filmes
de terror. Levar um desconhecido para casa, na minha cabeça, não terminará em
algo que não seja o meu desmembramento (e não de uma maneira sexy).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Se uma aplicação vê a necessidade
de criar um botão de emergência, isso, devia ser para os seus usuários, uma
chamada de atenção vermelha, com holofotes, fogos de artificio e uma senhora
gorda a cantar ópera. Mas, vamos assumir, que chegou aquela altura da minha
vida em que decido participar activamente no meu homicídio assistido. Acho, que
o mínimo que a aplicação podia fazer era facilitar-me a vida, mas não, preciso
descrever-me numa frase e encontrar uma foto decente. É mais fácil que Deus
fale comigo para construir uma arca! Não tenho experiência nisto! Não sei se
com uma frase como “gosto de passeios à beira mar e não ser degolada” ia chamar
muito à atenção.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Gosto do amor à moda antiga. Conhecer
alguém num local público (testemunhas), onde posso avaliar se tem um tamanho
que me permita dar-lhe um KO técnico e fingir que sou doce, ao fazer-lhe umas
cócegas em algum momento da conversa, para avaliar se tem pontos fracos e,
acima de tudo, se tem uma arma na algibeira (nunca se julguem demasiado boas
para um assassino medíocre, nem a todas nos pode calhar um serial killer
artístico que não recorre a armas).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Encontrar o verdadeiro amor exige
trabalho e atenção aos detalhes. Não há nada como o eliminar de potenciais
caras-metade por detalhes fúteis que não admitimos em voz alta, mas nos fazem
ver que aquela pessoa não é para nós. Aquela patada na gramática, que repete
uma e outra vez como se nos quisesse ver sangrar dos ouvidos, que cordialmente,
tentamos corrigir ao repetir bem dito e só nos serve para o ver a dar outro
rotativo na boca a Camões; aquele tom de voz agudo acompanhado de um arrastar
sopinha de massa; aquela corrente de ouro a sair da farfalheira do peito; ou
aquela gargalhada estridente que parece uma morsa em cio. Todos estes exemplos,
que partilho dos meus traumas pessoais, em prol da vossa busca pelo amor, foram
casos de minutos, sem me desperdiçarem tempo (sem conversa da chacha de cores
favoritas, trocas de fotos e intenções, e possível investimento em jantares).
Pensem nisso a próxima vez que deslizarem esse dedo para a direita.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Este foi um serviço público do
Ministério da Busca do Amor nos Sítios Errados, com apoio do Departamento de
Traumas Infantis.</span><o:p></o:p></div>
<div style="text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-sM0xT0FM9tw/Xph5dp8EtZI/AAAAAAAAAuw/GEuSEfQzlcM-iQe1DVLyd0bz0yF36WOegCK4BGAYYCw/s1600/1.jpeg" imageanchor="1"><img border="0" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-sM0xT0FM9tw/Xph5dp8EtZI/AAAAAAAAAuw/GEuSEfQzlcM-iQe1DVLyd0bz0yF36WOegCK4BGAYYCw/s400/1.jpeg" width="370" /></a></div>
Nadahttp://www.blogger.com/profile/16028805697739083606noreply@blogger.com16tag:blogger.com,1999:blog-2779764301274443029.post-67718114939746738532020-04-14T18:15:00.000+02:002020-04-14T18:15:48.158+02:00O Preço da Arte<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A 28 de Dezembro de 1895, no
Salão Grand Café, em Paris, os irmãos Lumière partilhavam com trinta
privilegiados, os frutos do seu trabalho. Deram-se, assim, os primeiros passos
da recém-nascida Sétima Arte. A utilização de numeração surgiu da crença que
não iríamos estagnar e, em coisa de dias, surgiriam inúmeras outras artes (mas
aqui se reflectem os efeitos de crianças a <i>snifar </i>cola durante tantos anos). Nos
dias que correm são 11 as “Artes” (alguns, metem à pressão outras duas para
justificar o seu estilo de vida artístico, frequentemente referido como:
desemprego), sendo, a décima, os videojogos. Afinal, todos vocês têm artistas
em casa e não sabiam. Quantos Mozarts dos videojogos terão perdido a sua
oportunidade, à conta da sua rica mãezinha, sem sensibilidade alguma e
preocupada com frivolidades, como dormir ou mover os membros inferiores a ver
se ainda são funcionais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Foquemos-nos no importante: a
Sétima Arte. Actualmente, de tão fácil acesso, mas ainda com a vertente de luxo,
que é ir ao cinema. Fazer uma chamada ao vosso gestor de banco é recomendável,
antes de desfrutar de um filme num espaço compartido com desconhecidos, onde
temos de sincronizar a nossa bexiga com o momento incerto do intervalo. As
entradas, mesmo em lugares que seriam equivalentes ao porão do Titanic, são de
preços elevados. Porém, ninguém vai ao cinema sem comprar as típicas pipocas e
bebida para acompanhar, disponíveis em vários tamanhos, desde “Já acabaram e
ainda nem começou o filme”, até “Vou levar os restos para casa e temos pipocas
até ao Natal, mas na realidade só duram uma semana, até meterem nojo e
começarem a ganhar cores e consistência duvidosa, e irem parar ao caixote do
lixo, enquanto gritamos que para a próxima já sabemos”. Estas, podem ser
compradas em combos poupança como os intitulam, ou, facilmente, intercambiáveis
na bilheteira, pelo seu rim ou descendente varão primogénito. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A realidade, é que uma ida ao
cinema pode ser um investimento perdido, pois não depende apenas de nós o desfrute de tal serão (se pagaram para ver um filme do Vin Diesel, já estavam a
pedir desgraça, não se queixem). Há toda uma panóplia de personagens
secundários, que por muito vazio que esteja o cinema, eles aí estarão, como que
se contratados pelo cinema para criar ambiente. O espectador que insiste em cegar-nos
com a luz do seu telemóvel a cada 10 segundos, enquanto verifica se o mundo não
ruiu sem a sua participação activa; o que para poupar em pipocas enfiou pacotes
de batatas e doces em todos os orifícios e passa o filme a vasculhar os bolsos,
sacudir o casaco e explodir pacotes de batatas, como se fosse apanhar as
batatas de surpresa e estas não tivessem tempo de fugir e deixar meio pacote
vazio; o que insiste em dar o seu parecer ao actor do outro lado do ecrã,
avisando-lhe cada vez que o assassino está perto e, genuinamente, irritando-se
quando o Tom Hanks não ouve os seus conselhos; o que (por não sabermos,
convidámos, mas, se são espertos, nunca mais) gosta de relatar o filme como um
jogo de futebol…estamos a ver o mesmo ecrã, ao mesmo tempo, mas nada o impede de
explicar o que está a passar como se tivéssemos a actividade cerebral de um repolho… e sim, vi aquilo,
sim! Aparte deste grupo de indivíduos, a entrada a pessoas sensíveis deveria
ser interdita. Ir ao cinema deveria ter certas provas de aferição, onde pessoas
que mostrassem sentimentos através de sons, como, “awww” ou fungar em voz alta,
automaticamente, não só não entrariam, como não teriam reembolso do bilhete para
aprender. Aguentar alguém, atrás de nós, durante duas horas, a guinchar num
filme de terror e sorver macacos num drama, é mais aflitivo que dar com o mindinho
do pé na esquina da cama.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O cinema perfeito é em casa, com
possibilidade de comer alegremente sem chatear ninguém, parar vinte vezes
porque a incontinência é algo que vem com a idade, mudar de filme aos cinco
minutos de mau que é e ter acessível uma almofada para abafar os ronquidos da
companhia.</span><o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-dQIYX2JF_QE/XpXexR17JnI/AAAAAAAAAuM/Rsfnpj7IldoZ1pJ0Svl3PKkfR3yicVTFACK4BGAYYCw/s1600/a66fd97fdafd829f9ba38db6f25e1cb4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="335" src="https://4.bp.blogspot.com/-dQIYX2JF_QE/XpXexR17JnI/AAAAAAAAAuM/Rsfnpj7IldoZ1pJ0Svl3PKkfR3yicVTFACK4BGAYYCw/s400/a66fd97fdafd829f9ba38db6f25e1cb4.jpg" width="400" /></a></div>
Nadahttp://www.blogger.com/profile/16028805697739083606noreply@blogger.com22